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Roger Machado: O Futebol Reflete a Realidade do Racismo no Brasil
Por Redação FutInter em 12/11/2024 13:54
O Espelho do Racismo: Roger Machado e a Realidade do Futebol Brasileiro
Roger Machado, técnico do Internacional, é uma voz importante no combate ao racismo no futebol brasileiro. Em entrevista recente, ele fez reflexões profundas sobre o tema, usando o esporte como espelho da sociedade.
Para Roger, o futebol não apenas reflete a realidade do racismo, como também a amplifica. "Futebol cristaliza o que somos como sociedade", afirma o treinador, destacando que o esporte, em sua estrutura social, mostra a desigualdade que perdura no país.
Roger argumenta que o racismo se torna mais evidente quando a carreira do jogador chega ao fim. "O racismo para mim se cristaliza quando o campo acaba e a gente consegue perceber indivíduos de diferentes cores ascenderem socialmente em diferentes velocidades. É quando os filtros começam. O ex-atleta branco consegue se esconder. Eu não consigo. A minha cor me denuncia", disse.
A História da Escravidão e o Futebol: Um Paralelo Inquietante
O treinador também traça um paralelo entre a história da escravidão no Brasil e a realidade do futebol. Ele compara a Lei dos Sexagenários, que concedia liberdade aos escravos aos 60 anos, com a Lei Pelé, que regulamentou o trabalho dos jogadores.
"Um país que foi criado em cima de 400 anos de escravidão é impossível que a gente não traga vestígios dele até esse momento. Para quem não lembra, a legislação que regia minha carreira como jogador, que depois se transformou na Lei Pelé, era assim: eu era propriedade do clube. Se me comportasse bem, aos 28 anos começava a ganhar um percentual do meu passa e aos 35, mais ou menos, eu conseguia o livre arbítrio de escolher para onde eu queria ir", explica Roger.
A Lei dos Sexagenários era uma lei fictícia, pois a expectativa de vida dos escravos era bem menor. Roger compara essa lei à Lei Pelé, argumentando que, aos 35 anos, o jogador de futebol já era "morto" para o esporte, como o escravo aos 40 anos. "Novamente, o esporte repete o que nós somos como sociedade. É importante falar sim", finaliza.
A Importância da Discussão Constante
Roger defende que a discussão sobre o racismo no futebol não deve se restringir ao Dia da Consciência Negra. "Não deveria ser abordado somente neste mês. Penso que tivemos evoluções, o país começou a olhar para essa questão. Porém, vejo que os avanços ainda são pequenos", afirma.
As palavras de Roger Machado são um alerta para a sociedade brasileira, mostrando que o racismo ainda é uma realidade presente no futebol e na sociedade como um todo. É fundamental que a discussão sobre o tema seja constante e aprofundada.
Futebol cristaliza o que somos como sociedade. Se a gente imaginar o futebol como uma pirâmide social, na base está o campo. Sejamos pretos ou brancos, quem olha de cima da pirâmide enxerga todos pretos. Ou somos pretos pela cor da pele, ou pela mesma origem social, em sua maioria esmagadora. #racismo
— ge (@geglobo) November 16, 2022
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