Arbitragem Inflama Final do Gauchão: Guerra de Narrativas Ameaça o Clássico

O Fogo Cruzado das Declarações

Após a vitória do Internacional sobre o Caxias, o presidente colorado, Alessandro Barcellos, não poupou palavras, insinuando uma "sustentação de narrativa" contra o clube, reacendendo a chama da discórdia.

"A narrativa que se criou é que nós tínhamos falado tantas coisas horríveis quanto foram ditas por outros. Nesse sentido, há um desequilíbrio. E esse desequilíbrio precisa cessar. Aí acontece o que aconteceu hoje (sábado). Muito claramente ficou um desequilíbrio. Hoje existe uma equipe que está na final do Campeonato Gaúcho graças à arbitragem"

Barcellos elevou o tom, expressando a frustração do clube com o que percebe como tratamento desigual.

"Nós estamos no limite. Ficamos quietos esse tempo todo acreditando que as coisas iam funcionar normalmente, e elas não funcionaram. E agora é a hora da onça beber água. Nós não vamos ficar quietos."

Em meio ao turbilhão de acusações, Barcellos se mostrou aberto ao diálogo, uma postura que, espera-se, seja adotada também pela Federação e pelo Grêmio, visando a um ambiente mais sereno para a decisão.

Foto: (Ricardo Duarte/Internacional)

A "Grenalização" da Arbitragem e a Busca pela Justiça

O campeonato, que prometia um espetáculo dentro de campo, viu-se dominado por discussões sobre arbitragem e o uso do VAR. As reclamações se intensificaram, polarizando ainda mais o ambiente entre os dois gigantes gaúchos.

Figuras como D'Alessandro, do Inter, e Guto Peixoto, do Grêmio, trocaram acusações de favorecimento e condicionamento, elevando a temperatura nos bastidores. Após a vitória sobre o Juventude, o vice de futebol gremista, Alexandre Rossato, classificou a atuação do VAR como vergonhosa.

Diante da escalada de tensões, a Federação Gaúcha de Futebol optou por designar árbitros de fora do estado para as fases decisivas do campeonato, numa tentativa de mitigar as controvérsias.

A Obsessão pelo Título e o Clima de "Faroeste Gaudério"

A final do Campeonato Gaúcho de 2025 entre Grêmio e Internacional se aproxima, marcada por um clima de rivalidade acirrada e intensas disputas nos bastidores. A busca pelo título estadual transcende o aspecto esportivo, carregando consigo um simbolismo histórico e a ambição de supremacia regional.

O Grêmio almeja igualar o recorde do Internacional de oito títulos consecutivos, enquanto o Colorado busca impedir o feito do rival. Essa obsessão mútua tem gerado um ambiente de alta tensão, com os dois clubes se enfrentando dentro e fora de campo.

O comentarista Maurício Saraiva, do Grupo RBS, descreveu o cenário como um "faroeste gaudério", onde a busca pela vantagem e a desconfiança mútua imperam. A final, que reeditará um clássico histórico, promete ser decidida tanto pela qualidade do futebol quanto pela capacidade de lidar com as pressões externas.

O Gol da Discórdia e a Postura do Grêmio

A partida entre Grêmio e Juventude, que selou a vaga do Tricolor na final, não escapou das polêmicas. O gol de bicicleta de Gustavo Martins, nos acréscimos, gerou intensos debates sobre a sua validade. Críticos, como o técnico do Juventude, Fábio Matias, apontaram uma possível falta no lance.

Apesar das reclamações, a direção do Grêmio adotou uma postura de cautela, buscando evitar o acirramento dos ânimos. Alexandre Rossato, vice de futebol do clube, declarou:

"O Grêmio não tem mais nada a falar sobre arbitragem, já fez suas reivindicações. Até a última rodada o Grêmio não falava de arbitragem. O que a gente fez por conta de alguns lances que foram muito claros em relação a alguns erros. Mas o Grêmio não quer falar de arbitragem. O Grêmio quer fazer o seu jogo e só espera que a arbitragem seja justa."

Essa postura, no entanto, não impediu que as discussões sobre arbitragem continuassem a dominar o noticiário esportivo, lançando uma sombra sobre a grande final.

O Que Esperar da Final?

A menos que haja uma mudança de postura por parte dos clubes e da Federação, a final do Campeonato Gaúcho corre o risco de ser decidida mais pelas polêmicas do que pelo futebol. As acusações mútuas e a pressão sobre a arbitragem podem desvirtuar o espetáculo, transformando o clássico em um embate de narrativas e gatilhos rápidos.

Resta esperar que o bom senso prevaleça e que os protagonistas se concentrem em oferecer um grande espetáculo dentro de campo, resgatando o protagonismo do futebol e minimizando as interferências externas.